Nitxa

 Do que conheço, Nitxa, o psicótico, era pessimista mas gaio, jovial, enérgico, ativo - "o homem deve dominar o raio", deve procurar as boas maneiras, o heroísmo, como se houvesse um eterno retorno (argumento este  completamente infantil na minha opinião.. ...)

Portanto Nitxa era totalmente amante desta vida terrena. E acreditava que o super-homem era aperfeiçoado pelo martelo do sofrimento. O axioma do valor, o critério do valor humano em Nitxa não deixava de ser amor, mas um amor-paixão, um amor ao homem como é, aceitando suas comummente denominadas fraquezas e defeitos como qualidades--daí ser um inversor de valores-- chega a adagiar o assassinato, promove a insensibilidade perante a morte (exemp. : Zarathustra ao ouvir o leão devorando os seus recentes seguidores aprendizes de super-homem),  ensina o desprezo e a ridicularização de quem é Crente, ensina imanentemente o desprezo pela piedade. Para ele ser livre é não ter alma ou consciência. Viver sem Limites morais. Qdo muito valoriza uma ética, uma ordem necessária, nem que fosse por imposição de um muito desejado "punho de ferro", para que a Vontade não fosse cega. Assim é o super homem, um ser que vive somente pela vontade. Vontade de dominar. Contradição, pois deseja um pai/deus humano duro (trágico exemp: o fuher). Amando a conquista e até as aflições da derrota, "rindo sobre sua cabeça ", amando a terra. Um homem-corpo, que não diz não aos prazeres carnais, às ambições desmedidas, às mesquinhices, arrogância e maldade geral, pois para ele são natureza do super-homem, são escudo protetor, são... São qualidades a ser vividas. São a não negação da vida tbm junto com outros fatores.

Nitxa, distorce a realidade, pra fazer o Homem se sentir bem psicologicamente.

Distorce e defende-se, dizendo que a verdade não existe, mas sim interpretações da realidade.

Ele além das contradições que aqui dou para verificar-se no exposto, tem tbm a contradição de acabar por ser um  Positivista mais cínico que os cientifistas que tanto parecia querer combater (qto aos resultados da entrega à inércia do homem sem Deus, triste com sua existência sem finalidade, sem sentido), e qto à crença no poder da ciência, chamando a si o valor do homem trágico que conta com a fatalidade e o imprevisível de peito aberto e rindo como um  dos "deuses da dança" do acaso.


Erro - o ser humano, que ele tanto amava com pseudo qualidades, superior, por se aceitar como é, é contradição: nega a sua parte mais nobre, a consciência, a consciência moral, o que nos difere do macaco, o que nos faz ser semelhantes ao divino . Prefere o homem feio e chamar de super-homem pra que não se sinta... Feio.


Enfim, um fazedor de paixões, mais que propriamente de valores.


No meu crer, o homem é tudo o que é, mas é um devir, quer se esforce ativamente num sentido escolhido ou não. O homem está sempre em mudança.

Cabe ao homem saber orientar-se. Escolhendo amar e servir seus princípios, não se tornando pai, mas filho deles. (Eu escolhi dar crédito ao Deus judaicocristão). A humanidade é bela enquanto humanidade (humanidade - devir) , não na minha opinião, como tentativa de aceitar sua divindade, sua superioridade à custa de sua maldade intrínseca.

A ideia do super homem, por mais complexa que seja é uma infantilidade absurda.

....... 


O niilismo não tem valores? Ou os seus valores simplesmente nunca são axiomas exceto dentro dos valores semânticos das suas realidades interpretadas?


Estou cético. A antifilosofia não deixa de ser filosofia.

 Mas ele quis criar, ser pai de valores aos quais justifica mais por psicologia e bem estar do que por razão, mais por complexidade do que profundidade.

Um pobre, pequeno trapalhão querendo afirmar grandes coisas. Um romantizador da tragédia, da tragédia do niilismo, do homem dos deuses mortos, do homem superior porque vive e convive com essa tragédia com apenas um falso consolo da ideia da superioridade, da sublevação ao sofrimento de encarar tal tragédia de ter de viver num acaso sem Deus, nem proteção, nem esperanca em promessas. Super-homem este que  contenta o coração com a produção da arte e da música e sua mistificação exageradamente apreciada. 

Um mentiroso. Na verdade. 


Mas toda a Sua linguagem, discurso e intelecto produzem apenas uma imediata sensação de bem estar e coerência, que é mais curta que a produzida por hipnose. É um calor, um consolo apenas de emoção, uma anestesia momentânea... Não tem raíz, não cresce. E para manter, é preciso alimentar o vício, como droga. É ilusão.

É o que eu acho. 



(Coitado. Sinceramente.) 


Mas.... Enfim. Para mim nem todos os valores são axiomas.


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