Ciganos 3 - Má Reputação (Carta Aberta à Europa)

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Intro


"Só nos tratam bem qdo estão ao pé de nós, voltam as costas e põem-se a falar mal. Calculo que muitos, se pudessem, exterminavam-nos com prazer!!! e depois "pedem-nos" para sermos civilizados! Como!!!!????
Mandam-nos trabalhar... mas não nos dão emprego, mandam-nos estudar, mas depois somos gozados por toda a gente. Se reagimos a culpa é sempre do "cigano incivilizado". Unem-se contra nós. Os nossos filhos são criados sem conforto e sem outro futuro que não seja o do continuar a ser um "pária".... "





Carta aberta à Europa




Meus caros... Escusem-me pela natureza inflamada.


Olhe-se a História...O ser humano é todo igual.



Penso...
.... A terra não é de ninguém, pertence a DEUS.

Penso...

Será que os povos europeus alguma vez se integraram harmoniosamente? Não.

... E mesmo hoje...
Tenta erguer-se um império babilónico de diferenças que coexistam sobre a base suposta de valores como a democracia e o pluralismo, mas que na realidade tem base na Economia que lhe serve de infra-estrutura.
Dá-se Razão ao Marxismo, que afirma que primeiro está a economia por acordo com uma existência reactiva às necessidades típicas do animal humano, a que chamariam de novo-homem.
A União europeia admite ter como base a Economia - o interesse, a necessidade- para o desenvolvimento ético (uma nova ordem) das comunidades, sendo que essa nova ordem ético-económica, torna possível uma sociedade com supra-valores que se sobrepõem a valores das comunidades aderentes à Comunidade de Estados-Colectividade.

Se concordamos, então pode-se inferir que, não existem valores superiores ao materialismo, à Economia. E é esta, a visão estrutural que encerra o Espírito Europeu que se funda e fundamenta disfarçado com valores, - que mais não serão do que uma ética interesseira, sem um sentimento verdadeiramente fraterno.

Antes que o pacto social tácito se fizesse num certo espaço territorial, era próprio ao homem seguir a Natureza económica - a procura da sobrevivência. Viajava-se à procura de melhores condições, atentava-se para as estações e explorava-se o desconhecido.
O pacto social que institui e organiza um Estado, Povo ou semelhante, deve ser conseguido com uma Ordem necessária para o efeito da sociedade. Essa Ordem pode ser ou não ser Justa e respeitadora do Direito Natural.

Quando o Cigano entrava por determinado território, poder-se-à interpretar que, obedecia a uma forma de economia instintiva, que não largava, pois não se deixava atrair pela integração territorial com outros povos, por ter costumes diversos, que sempre quis preservar, sabendo intuitivamente, que se perderiam gradualmente na sua mistura e amolecimento com outros povos. A verdade, contudo, olhando para factos, pode muito bem ser outra; (sobre isso, espero vir a comentar posteriormente) .

Ainda que assim fora. Será que a sua reserva, a sua privacidade e consequente distanciamento seria necessariamente mau? Não é"necessariamente mau". Porque na verdade, muitas distâncias podem servir para manter-nos longe de hábitos maus (que são vícios) existentes fora do seio em que vivamos. * Pelo que , por isto, se estabelem graus de distâncias necessárias ou inteligentes para protecção (cultural, Moral, física...)- que lhes permita sobreviver no mundo e quiça, a seu tempo, criar relações de pura amizade desinteressada, sem as artificialidades ou artífios que mantêm as que são construídas com base na necessidade ou interesse económico.**

Manter uma vida de relação estritamente económica sem que se "pegue de ponta"... pois sim, é difícil. Primeiro porque os homens procuram sentir-se seguros perante outros. Mas também porque existem os grupos de coesão nas sociedades, para pressionarem num mesmo sentido comum a todos, num mesmo interesse. O que faz do estranho, uma possível ameaça à organização social-comunitária.

Também porque, certamente, como acontece frequentemente, com a criação de laços, pretendem-se cumplicidades, estabelecem-se redes de “amizade”, compadrios de favores, que ferem a Moral e a dignidade, e endurece-se a porta da confiança, por motivos quer psicológicos, quer de prudência.
O receio do estranho aumenta com o grau de comprometimento com a organização de que se é integrante.

A discriminação ( tenha-se em conta a contextualização ) é ainda, muitas vezes, um resultado do pré-conceito que se estabelece culturalmente num inconscientemente gerado sistema de crenças (análogo a lei e praticado por costume). O pré-conceito é resultante dos sentimentos antagónicos ao estranho, ao desconhecido, tornado repulsivo ou à partida subjectivamente repulsivo.
A discriminação é um fruto que nasce no complexo mental e contém, a fórmula material generalizante de imputar erros e culpas a um "bode expiatório". O qual pode tornar-se legitimamente eliminável, por força social ou política, mas cuja fórmula enferma do desprestígio óbvio do ponto de vista Moral-psicológico. ´
O antagonismo ao estrangeiro, vai-se consolidando e gera-se um sentimento que evolui para a xenofobia ou racismo... Pelo que digo: há, geralmente e pelo menos neste casos tipificados quer do estranho quer do estrangeiro, algo de Mau num distanciamento social, (ressalvando o que já acima referi, não porque não haja esse algo de mau, mas porque havendo, tenta optar-se pelo mal menor do distanciamento social).
Tenho dito tudo isto como que sendo comum acontecer em qualquer grupo, comunidade ou sociedade.

Todos devíamos pôr a mão na consciência e tentar avalizar os nossos próprios erros, as nossas inconsciências para com os outros. Creio que se olharmos de perto no espelho da alma e da honestidade intelectual encontraremos respostas que são mais sãs do que aquelas que a uma primeira reacção somos tentados a dar, encontraremos uma Sofia, muito mais justa para além de coerente, encontraremos culpas próprias, que nos desagrada admitir…
Todos são culpados pela actual situação de racismos, de falta de integração, de intolerância, de História que nos marcou, e até da imagem que nos caracteriza, a todos. (1)

Mas se o problema são os maus costumes - (que os temos) - então, não deixemos de ver os bons costumes - que também temos - e não julguemos sem examinar a nossa própria realidade pessoal. Gostaria de enumerar: aos impostos fogem quase todos, independentemente da raça, quando podem, e só por não se poder é que muitos não fogem; roubar, vender droga, fazer prostituição, trazer doenças para casa, mentir, enganar, falar com má-língua, invejar, escarnecer dos mais desfavorecidos, arrogar, ser hipócritas, lamber as botas, trair amigos, ser falso, dar falsos testemunho, criar grupinhos para lutar contra a Verdade em prol de interesses, etç, etç... etç.- isso, em todas as raças ou grupos sociais se faz. E caso não se saiba, há muitos maus costumes que a Lei admite em nome do Imoralismo defendido por muitos como moralismo... Mas então, apontem-se os erros concretos da realidade concreta, e trataremos de defender a Justiça, com o aviso de que não caiamos no erro de condenações sumárias, em julgamentos ou juízos desproporcionais e/ou sem provas conclusivas o suficiente com averiguações escassas ou superficiais, obscuras ou tomadas num impulso emotivo...

Não fossem os ministros e as instituições terrenas que DEUS mesmo instituiu para bem da governação humana, e veríamos se realmente seriamos todos boas pessoas. (2)

(Apesar dos pesares, descansem, eu amo Portugal e sinto vergonha do que alguns elementos da comunidade fazem. Devem ser responsabilizados pelas injustiças que cometem!).
Eu sou nascido Português e Calon*** e digo : Neste país sabe-se imitar os outros nas coisas más... Pouco saber-se-à de ser-se primeiro e corajoso do ponto de vista sociológico; - (a não ser que se considere positivo o que se fez há 500 anos, através dos Descobrimentos, com a desculpa esfarrapada da evangelização dos negros ). Ora, "coais um mosquito e não coias um camelo"- dizia o Grande Mestre?!
Que aconteceu neste país em relação aos ciganos? Infomai-vos, e logo, quem quiser, venha REcLAMAR connosco... - (Permita-se-me este temporário terminus efusivo em jeito irónico).

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*(Afora, mas sem leviandarmos, o facto melindroso de podermos confundir o que não sendo hábito Imoral- em- si, é entendido como tal, por chocar a nossa "fraca" sensibilidade cultural - por se sentir a estranheza, como ofensiva dos "bons costumes"; os quais podem ser ainda de natureza moral relativa a certa Comunidade habituada a certo comportamento tido como exemplar , honroso, ético- pelo que faço distinção desta moral- que se deve respeitar- com a Moral- em- si, no meu Tema : "Acerca da Moral" , que é o anteriormente publicado neste espaço).
**(Não negligencio, no entanto, que a Economia cria momentos de proximidade, permitindo relações que se abstraiem ocasionalmente dos interesse pessoais).
***Calon é o termo que distingue o Gupo de Ciganos residentes na Península Ibérica desde há séculos, e que iniciou o seu iterinário apartados dos Rom e dos Manuch (Sintos), provavelmente quando enveredaram pelo território mediterrâneo, passando, nomeadamente pela Grécia, enquantos os outros seguiam mais para o Norte e Centro da Europa. Com o passar dos tempos, o Grupo Calon adquiriu um modo de vida bem distinto dos outros Grupos. Uma curiosidade a acrescentar: enquanto os grupos Rom e Sinto se dividem em tribos, algumas subtribos e clãs, o Grupo Calon divide-se apenas em Clãs, que se misturam com regularidade através dos casamentos.

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Comentários

  1. Gostei muito deste post migo...há pessoas hoje em dia são tão burras não conseguem entender que o inssencial é invisivél aos olhos...muitas pessoas não vêm que a cor da pele a sua etenia nada importa porque o que é verdadeiro apenas se sente com o coração...e digo tanho muito orgulho de ter crescido com várias etenias incluindo a etenia cigana como tu sabes cresci com o teu irmão e sempre admirei a vossa alegria o bom sentido de humor e a dança e toda a sua cultura...apenas tanho pena que as pessoas medem tudo pela mesma medida...

    parabéns tens aqui um bom blog

    beijinho grande

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