Ciganos 2 - Má reputação (Carta Aberta ao JN)

Carta Aberta a propósito do tema

ESPECIFICIDADES Sonhos não discriminam as crianças, de Emanuel Carneiro, Alfredo Cunha, em

http://jn.sapo.pt/2007/03/17/porto/sonhos_discrim_inam_criancas.html

de 17 Mar 2007



Exmos Srs Jornal de Notícias


Com efeito, para além de todas as dificuldades culturais, sociológicas e psicológicas que envolvem a realidade de uma criança diferente, existe mais concretamente a barreira que é o núcleo íntimo familiar que a circunscreve. Se um pai ou uma mãe não incentivarem ou se antes, desincentivarem o prolongamento dos estudos a uma criança, se lhe coarctarem a possibilidade de vir a ter sonhos próprios, se lhe concederem uma facilidade a curto prazo (que será a liberdade de não ter de estudar), se a chamarem a outros deveres, nomeadamente para com a cultura , família e trabalho, se souberem que poderão ser severamente discriminados, e se lhe mostrarem as dificuldades porque passam os "outros" e as consequências de se perderem anos a estudar até a uma idade adulta (p.e: 18, 20 anos), para se ter, depois, de enfrentar uma vida de semi-escravo às Ordens de Chefes e Patrões que imperam sem sentimento ou compaixão para com os subordinados, a quem tratam como inferiores em vez de semelhantes - sendo que geralmente,numa comunidade cigana, o que conta mais não é o Poder mas sim a Razão e os "Bons Costumes", e onde a honra, a vergonha e outros valores têm muito mais peso do que têm na sociedade actual, (irracionalmente fria de tão racionalmente virada para a Economia sobrevalorizada, com a perda dos valores liberais)- se havendo até uma alienação estúpida da sociedade - nesta luta desenfreada pela sobrevivência, em que uns "atropelam" outros, "lambem as botas", e adulteram com facilidades tremendas em nome de um pouco mais de "espaço e conforto" neste mundo, onde vivem vazias e sem sentido, perdidas cada vez mais, sempre à procura de mais conforto, vivendo cada vez mais frívolamente e carnalmente, chegando a uma desesperança tal que muitos acabam por ter de se medicar ou drogar, ou beber, ou abandonar o lar em nome da Liberdade que julgam alcançar, sem no entanto conseguirem outra coisa senão a entrega total à banalidade interior- se... dizia eu, os miúdos se debaterem com isto, torna-se difícil quererem tentar ser Doutores. Ajudaria que se vez de nos descredibilizarem e rejeitarem enquanto pessoas válidas, aprendessem connosco "algo" para a vida.

Eu tento, AINDA, alcançar o melhor dos dois mundos. (Tenho muitas mazelas).

A ideia será, primeiro, incentivar os pais e depois, quando os professores falarem a mesma "língua" (entenda-se, transmitirem as mesmas convicções quanto à útilidade da escola), os filhos deixarão de ser paralisados ou asfixiados como o é um Border-liner, nas suas motivações pessoais. Mas a ideia em voga só será legitima intrínsecamente, quando a justiça se revelar. Quanto às críticas acima narradas, p.e.
Se é verdade que os estudos podem ser uma excelente arma para a vida, podem também tornar-se numa grande decepção tendo em conta os sacrifícios que se fazem e o tempo que se perde em nome deles, e o caminho pouco são a que nos levam nesta selva desumanizada da sociedade laboral actual, que faz as pessoas viverem como meras imagens ocas, descaracterizadas, de auto-estima arruinada. Claro, não sou contra os estudos. Mas faço aqui a minha análise das dificuldades do cigano em ("querer") integrar-se em tal sociedade.


Cordialmente, Vítor Serrano 31/01/08



Site acerca de algumas vicissitudes condicionantes à integração dos Ciganos

http://pwp.netcabo.pt/fatima.mourao/Ciganos1.htm

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